sexta-feira, 23 de maio de 2014

CAPÍTULO II. PÁTRIA E OS PAIS DE SANTA RITA

  



Distante uma légua de Cássia eleva-se o gigantesco rochedo do Escolho, 

à cuja sombra, na ladeira de uma próxima coluna, se encontram os poucos 

edifícios que compõem o pequeno povoado de Rocca Porena. 

Entre os moradores desta pequena aldeia viviam em meados do século XIV 

Antonio Lotti Mancini e Amata Ferri. Amavam-se os esposas com santo afeto.

acompanhado do exercício de uma vida virtuosa e de exemplares costumes. 

Faltava-lhes, porém, para se considerarem felizes, que o Senhor lhes 

Concedesse um filho a quem, prodigalizar seu carinho. E solicitude 

paternal. Era está a única aspiração de seus corações, o fim de suas 

fervorosas preces. À medida que multiplicavam as súplicas, crescia sua 

esperança; mas o Senhor, que parecia mostrar-se surdo, foi diferindo o 

cumprimento dos desejos dos esposos, para melhor provar sua constância, e, 

com o exercício de novas virtudes, fazer-lhes mais merecedores do que 

pensava do soberano dom com que pensava premiar sua santa vida. 

Os fatos vieram confirmar isto: o primeiro foi que, certo dia, teve Amata 

uma visão, na qual o Senhor lhe revelou que havia de ser mãe duma menina 

tão extraordinária que, com o brilho de suas virtudes e prodígios, deveria 

ser não só precioso ornato de sua família e de sua pátria, como também 

de fama universal no mundo cristão. Tão agradável revelarão sem duvida 

foi o prêmio da especial devoção que Antonio e Amata professavam à 

sacratíssima Paixão de N. Senhor Jesus Cristo, pois os mistérios da 

vida e da morte do divino Salvador constituíam, de ordinário, o objeto de 

suas meditações. Não outra coisa senão a meditação sobre estes 

mistérios era o que lhes fazia sumamente compassivos das necessidades de seus 

próximos, socorrendo-os se eram pobres, visitando-os se estavam doentes, 

ou corrigindo com caridade seus erros e ignorância, chegando a conseguir por 

isto grande autoridade .e estima no conceito de seus conterrâneos. 

Os biógrafos de nossa junta especificam estes detalhes para explicar, pela 

devoção dos pais, a que teve Santa Rita desde sua meninice aos mistérios 

da Cruz. 

Ocupados em tão piedosos exercidos iam passando os anos para Antonio e 

Amata, e quase haviam perdido as esperanças de ter sucessão, quando Amata 

começou a sentir em si algo estranho que não sabia explicar; parecia-lhe 

sentir-se mãe, mas julgando ser vítima duma ilusão, cheia de dúvidas, 

correu e prostrou-se aos pés de Jesus crucificado orando devotamente; e 

quando mais fervorosa eram suas súplicas, o Senhor se dignou confirmar 

a revelação feita anteriormente, de que daria a luz uma menina que se

chamaria Rita, a qual consolaria a velhice de seus pais e havia de ser 

Margarida preciosa pelo esplendor de suas virtudes, pois Rita é contração 

deste belo nome. Acalmaram-se completamente as inquietações de Amata, e 

em lugar daquelas ansiedades e dúvidas que sentia em seu espírito, nasceu 

em seu coração inefável gozo, misto de certo rubor, vendo-se mãe em 

idade tão avançada. 

Não há para que dizer das fervorosas preces de ação de graças que 

endereçariam ao Senhor, e nem a natural impaciência com que esperariam os 

piedosos cônjuges o nascimento daquela menina que havia de ser enriquecida de 

preciosos dons, como depois o confirmaram os fatos que iremos referindo nesta 


historia.

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